INTRODUÇÃO
Nesta lição, estaremos estudando um dos maiores exemplos de intercessão encontrados na Bíblia Sagrada, que é a intercessão de Jeremias. É notório o estado de calamidade espiritual em que se encontrava a nação de Judá. Contudo, ao contrário do que aconteceu com o profeta Jonas, na missão de anunciar as verdades do Senhor na cidade de Nínive. O profeta Jeremias, entendia que não bastava ser apenas profeta; era necessário bem mais, era preciso ser um intercessor. “E procurai a paz da cidade, para onde vos fiz transportar em cativeiro, e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz”.( Jr.29.7).
I - O QUE É A INTERCESSÃO?
Não existe uma melhor forma de se demonstrar o amor de Deus que está derramado em nossos corações do que através da intercessão. Quando intercedemos, oramos a Deus pelas pessoas que nos cercam, ou por aquelas que necessitam de ajuda, sem que necessariamente elas estejam dentro do nosso círculo de amizades ou convívio. Orar de forma intercessória indica que entramos na presença de Deus para suplicar por outras pessoas, e que naquele momento, não somos o alvo de nossas próprias orações. Jesus, antes de ser levado à cruz, orou intercedendo por seus discípulos e por todos os que ainda ouviriam sua mensagem, deixando-nos assim o seu grande exemplo (Jo.17).
1.1- Definindo o termo.
* Intercessão: ( Do lat. Intercessionem) Significa: “Súplica em favor de outrem” . “E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos” (Rm.8.26-27). A intercessão pressupõe sofrer com os que sofrem; chorar com os que choram; e tomar, como se fossem nossas, as dores alheias. É dizer a Deus que nos importamos com o sofrimento do próximo. “Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram” (Rm.12.15).
Nas Sagradas Escrituras, o ministério da intercessão cabia, oficialmente, ao sacerdote. Todavia, encontramos profetas, reis e patriarcas, a suplicar em prol dos filhos de Israel e até pelos estrangeiros impenitentes. No capítulo sete de 2 Crônicas, Salomão desprende-se em favor de seu povo. Ao inaugurar o Santo Templo, o sábio rei deixa bem claro que a casa de Deus é, antes de mais nada, um lugar de intercessão. “E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra. Agora estarão abertos os meus olhos e atentos os meus ouvidos à oração deste lugar. Porque agora escolhi e santifiquei esta casa, para que o meu nome esteja nela perpetuamente; e nela estarão fixos os meus olhos e o meu coração todos os dias” (II Cr.7.14-16).
1.2 O que não é intercessão.
* Oração comum: Toda intercessão é realizada através da oração, porém nem toda oração é uma intercessão.
* Dom: Intercessão não é um dom ministerial, ou uma aptidão específica, destinada exclusivamente a um grupo seleto de pessoas.
1.3 Formas de intercessão.
* Súplica: Oração que, tem como essência, a humildade de espírito, a fim de mover o coração de Deus em favor daqueles que padecem. “Inclina, ó Deus meu, os teus ouvidos, e ouve; abre os teus olhos, e olha para a nossa desolação, e para a cidade que é chamada pelo teu nome, porque não lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias.” (Dn. 9.18).
* Rogo: Pleitear, pedir com urgência, persuadir. “Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos.” (Lc.22.32).
* Petição: Ato de pedir, pedido intenso, solicitação, requisição. “Então respondeu Eli: Vai em paz; e o Deus de Israel te conceda a petição que lhe fizeste.” “Por este menino orava eu; e o Senhor atendeu à minha petição, que eu lhe tinha feito.” (I Sm.1.17,27).
II - JEREMIAS INTERCEDE POR JUDÁ
Triste era o estado em que se encontrava a nação de Judá. Os males causados pelo terrível rei Manassés ainda estavam vivos.
“Entregá-los-ei ao desterro em todos os reinos da terra; por causa de Manassés, filho de Ezequias, rei de Judá, e por tudo quanto fez em Jerusalém” (Jr.15.4). Mesmo diante da ousada tentativa do rei Josafá, que partiu em busca da restauração espiritual da nação.
Nota-se porém, que o povo havia tomado gosto pelo pecado. “Assim diz o Senhor, acerca deste povo: Pois que tanto gostaram de andar errantes, e não retiveram os seus pés, por isso o Senhor não se agrada deles, mas agora se lembrará da iniqüidade deles, e visitará os seus pecados” (Jr.14.10). Como se não bastasse, tinham se levantado falsos profetas que com suas mensagens fraudulentas enganavam o coração do povo levando-os cada vez mais, para longe de Deus. “Então disse eu: Ah! Senhor Deus, eis que os profetas lhes dizem: Não vereis espada, e não tereis fome; antes vos darei paz verdadeira neste lugar. E disse-me o Senhor: Os profetas profetizam falsamente no meu nome; nunca os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei; visão falsa, e adivinhação, e vaidade, e o engano do seu coração é o que eles vos profetizam” (Jr.14.13-14). E é diante desse caos que surge o profeta Jeremias, disposto a gastar todas energias possíveis e imagináveis em busca do quebrantamento divino em favor de Judá.
2.1 Os motivos de Jeremias.
O profeta acabara de receber uma terrível notícia da parte de Deus. O Todo Poderoso estava resoluto em julgar com braço forte a nação de Judá. “Assim diz o Senhor, acerca deste povo: Pois que tanto gostaram de andar errantes, e não retiveram os seus pés, por isso o Senhor não se agrada deles, mas agora se lembrará da iniqüidade deles, e visitará os seus pecados” (Jr.14.10). “Porque visitá-los-ei com quatro gêneros de males, diz o Senhor: com espada para matar, e com cães, para os arrastarem, e com aves dos céus, e com animais da terra, para os devorarem e destruírem” (Jr.15.3). Temos aqui então, motivos de sobra para qualquer intercessor se mobilizar em oração, afim de encontrar em Deus misericórdia.
2.2 Os argumentos de Jeremias.
* Confissão de pecados: (tidos como a causa da calamidade). “Posto que as nossas maldades testificam contra nós, ó Senhor, age por amor do teu nome; porque as nossas rebeldias se multiplicaram; contra ti pecamos” (Jr.14.7). “Ah! Senhor! conhecemos a nossa impiedade e a maldade de nossos pais; porque pecamos contra ti” (Jr.14.20).
O pacto firmado com Abraão e Moisés: “Não nos rejeites por amor do teu nome; não abatas o trono da tua glória; lembra-te, e não anules a tua aliança conosco” (Jr.14.21). Observe que com esta frase: “Não nos rejeites por amor do teu nome”. Jeremias estava pensando que Deus os havia rejeitado, já que eles tinham desonrado o seu trono. Jeremias, por conseguinte, invoca ao Senhor usando termos “antropomórficos” e “antropopatéticos”. (quando os homens conferem a Deus seus próprios atributos e emoções). Ou seja, ele estava tentando fazer com que Deus os ajudasse por auto-interesse, isto é, por causa do seu nome. “Por que serias como homem surpreendido, como poderoso que não pode livrar? Mas tu estás no meio de nós, ó Senhor, e nós somos chamados pelo teu nome; não nos desampares” (Jr.14.9). No capítulo 14 do seu livro esta idéia é repetida por três vezes. Porém sabemos que essa idéia é frágil, tendo em vista que não era Deus que estava pronto a romper sua aliança com a nação de Judá. Essa aliança tinha sido despedaçada pela própria nação, quanto a prática de sua idolatria, adultério e apostasia.
III - POR QUE DEVEMOS INTERCEDER
O caso do profeta Jeremias é específico, e de forma alguma Deus deseja que deixemos de orar uns pelos outros. Deus ainda procura pessoas como Jeremias, dispostas a falar sua palavra e orar por aqueles que necessitam. Contudo entendemos que devemos sempre interceder pelos mais diversos motivos. Vejamos alguns:
1. É o desejo de Deus. “Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tg.5.16).
2. É a melhor forma de praticarmos o amor altruísta. “Todavia peço-te antes por amor, sendo eu tal como sou, Paulo o velho, e também agora prisioneiro de Jesus Cristo. Peço-te por meu filho Onésimo, que gerei nas minhas prisões; O qual noutro tempo te foi inútil, mas agora a ti e a mim muito útil; eu to tornei a enviar. E tu torna a recebê-lo como às minhas entranhas” (Fl.9-12).
3. É nossa responsabilidade. Em cada livro da Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse, encontramos sempre o Senhor compartilhando com o seu povo, seu desejo em promover o bem em favor de alguém ou de algo. É interessante que no tocante a sua obra, Ele seria o maior interessado no seu desenvolvimento, mas mesmo assim, o Senhor participa com sua igreja essa responsabilidade. “Então, disse aos seus discípulos: A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros. Rogai, pois, ao Senhor da seara, que mande ceifeiros para a sua seara” (Mt.9.37-38).
CONCLUSÃO
“E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei” (Jo.14.13-14). Será que Jesus seria tão enfático em suas palavras, se Deus não tivesse realmente interesse em nos responder? É a vontade de Deus que oremos sempre, em qualquer situação, e que tenhamos respostas para nossas orações. É chegada a hora e o momento de estarmos diante do nosso Deus rogando não só pelo nosso país, mas também por todo o mundo. Até porque, umas das atitudes que um servo de Deus não pode deixar de realizar é a intercessão. “E quanto a mim, longe de mim que eu peque contra o Senhor, deixando de orar por vós; antes vos ensinarei o caminho bom e direito” (I Sm.12.23).
REFERÊNCIAS:
Bíblia de Estudo Pentecostal. C.P.A.D.
O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. R. N. Champlin. HAGNOS.
Jeremias e Lamentações. Introdução e Comentário. R. K. Harrison. VIDA NOVA.
Dicionário Teológico. Claudionor Correa de Andrade. C.P.A.D.
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