Deus é a fonte de todo poder (Sl 62:11), e Ele dá autoridade a quem Ele quer. O próprio Cristo afirmou que toda autoridade lhe foi dada nos céus e na terra (Mt 28:18). O que é então autoridade? Autoridade é do Lat. auctoritate e significa poder de mandar; domínio; poder; pessoa que exerce o poder; mando; poder público; pessoa ou texto que se invoca em favor de qualquer opinião. No que tange a autoridade espiritual estamos falando de alguém que recebe poder da parte de Deus para exercer uma função.
É preciso resgatar a importância do líder espiritual, e saber que seu papel na igreja é uma dádiva de Deus. Muitos não querem reconhecer a autoridade desses líderes, ou seja, não querem reconhecer o poder dado a eles da parte de Deus. A recomendação das Escrituras é: “obedecei... e sede submissos”. Aqui está a dificuldade. Muitos pensam que obedecer a pessoas ou se submeter a eles é sinal de fraqueza e de humilhação. No entanto, não podemos esquecer que sem liderança o povo cairá (Pv 11:14) e que se não há liderança cada um segue seu próprio caminho (Jz 21:25). Isto com certeza redunda em sérios problemas para qualquer que seja a instituição (família, organizações, etc).
Estamos falando de liderança constituída por Deus e que anda segundo o padrão divino. Esta liderança tem a responsabilidade de falar em nome de Deus. Isto implica que sua mensagem e missão derivam de Deus e não de projetos próprios. Assim como Deus escolheu a Moisés (Ex 3:7) para ser o condutor do povo de Israel para a libertação rumo a terra prometida, Deus continua dando autoridade a homens e mulheres para conduzirem seu povo ao lugar de descanso.
I - AUTORIDADES NAS ESCRITURAS
a) Autoridade no Antigo Testamento
- Unção indicava autoridade: Quando Deus escolhia um rei ou um profeta ele era ungido (Ex 29:1-7; 29:21; 1 Sm15:1; 16.3; 1 Rs 1:34). Isto trazia as seguintes implicações: Primeiro, significa que Deus o havia escolhido; Segundo, indicava que Deus estava capacitando para realizar uma tarefa específica; terceiro, significa autoridade. Era o próprio Deus ortogando autoridade ao seu servo (a).
- Autoridade deveria ser respeitada: Observe 2 Sm 24. Aqui Temos Davi diante de um dilema. Teve a oportunidade de matar Saul, no entanto, reconheceu que Saul fora designado por Deus para ser Rei e somente Deus poderia então destituí-lo. Temos aqui um exemplo de respeito pela autoridade, ainda que esta estivesse fora dos planos de Deus. Não estamos dizendo que toda autoridade mesmo fora do plano Deus deve ser respeitada. O que queremos dizer é que Davi não tomou nenhuma ação precipitada contra o Rei entendendo que somente o Senhor o poderia fazer. Ele respeitou a unção que Saul havia recebido.
- Moisés e seus irmãos; (Nm 12). Observe que Arão e Miriã falaram contra Moisés, e se colocaram na mesma função que ele (Nm 12:2). Não perceberam que a autoridade que Deus havia dado a Moisés era diferente da que Deus lhes deu. Moisés foi honrado por Deus e teve mais uma vez sua autoridade confirmada diante do povo de Israel e também diante de seus irmãos. A lição que fica aqui é saber reconhecer a quem Deus tem dado autoridade, e saber diante disto se submeter e respeitar.
b) Autoridade No Novo Testamento
- Os apóstolos (At 6). Os apóstolos foram escolhidos por Jesus para serem seus representantes. Coube a eles a continuação da obra do Senhor. A eles foram incumbido a pregação do evangelho e a liderança do povo de Deus. Entendendo que Deus o chamara para isto tomaram a decisão de deixar algumas atividades para outros fazerem, pois, se dedicariam “a palavra e a oração” (At 6:2,4). Fica claro que quem está na liderança deve dedicar-se e não se envolver com coisas que possam embaraçar seu ministério (Hb 12:1; 2 Tm 2:4)
- Autoridade dos discípulos (Mt 10:1) Os discípulos de Jesus receberam autoridade para realizar sua missão. Pela mesma forma, temos recebido autoridade do Senhor Jesus para realizarmos sua obra. Somos chamado de geração eleita, sacerdócio real, povo adquirido (1 Pe 2:9). Deus capacita este povo através do seu Espírito (1 Co 12.9).
- Autoridade nas Igrejas – Assim que as primeiras igrejas foram formadas houve a necessidade de se estabelecer líderes nas igrejas. Em Jerusalém Tiago, irmão de Jesus, exercia uma função de liderança (At 15:13). Paulo ao plantar as igrejas deixava uma liderança estabelecida (At 20:17-35) e também recomendava que esta liderança deveria ser respeitada e honrada (1 Tm 5:17).
II – AUTORIDADE: SUBMISSÃO E OBEDIÊNCIA
Conforme fora visto, tanto o Antigo quanto o Novo Testamento tratam sobre a questão da autoridade. É preciso entender quanto a autoridade as seguintes questões: Existe autoridade no lar (Ef 5:23); Existe autoridade civil (Rm 13:1); Existe autoridade na igreja (Hb 13:25); Existe autoridade no trabalho (Ef 6:6). Todas esses tipos de autoridade existem para produzir ordem e progresso. É preciso entender que exite a autoridade dada por homens para o exercício de uma função aqui na terra, e a autoridade (capacidade, poder, tarefa) dada por Deus, para realização de sues propósitos.
Estas questões são importantes para que pensemos um pouco sobre a autoridade espiritual:
a) A autoridade espiritual é dada por Deus – As Escrituras apresentam que Deus é quem chama homens e mulheres e os capacita para exercerem uma função específica em seu Reino. Assim como Deus levantou profetas, sacerdotes e reis no passado para guiar seu povo, Deus estabeleceu sua liderança para a igreja (Ef 4:11). Esta liderança é dada por Deus para o bom andamento de sua obra. É uma dádiva de Deus e aqueles que reconhecem está dádiva podem usufruir das bênção advindas dos líderes estabelecidos por Deus. Aqui citamos alguns benefícios: Tem direção (Pv 15:22), são pastoreados (Hb 13:25); recebem a palavra de Deus (At 20:21)
b) A autoridade espiritual deve ser obedecida – Hoje enfrenta-se uma crise de obediência. As pessoas querem ouvir a Escritura, e até querem receber a oração, no entanto, não aceitam a autoridade dessas pessoas em suas vidas particulares. A recomendação da epístola aos Hebreus é que lideres (os pastores) devem ser obedecidos, pois a responsabilidade dele é cuidar de suas vidas (Hb 13:25). O pecado de desobediência gera morte. Aqueles que entram por este caminho são mal sucedido (Sl 78:8). Vejam o seguinte pensamento:
Enquanto não reconhecemos as autoridades delegadas sobre nós, não chegaremos à maturidade nem ao alvo. Precisamos de guias que nos levem pelas mãos, para que não fiquemos no caminho, sem atingirmos o alvo: "...jazem nas estradas de todos os caminhos, como o antílope na rede" (Is 51:17-20). Os homens esperam que a igreja apareça e os tome pelas mãos, guiando-os, levando-os pelo caminho em que devem andar.
Paulo escrevendo aos Tessalonicenses roga que “acatem com apreço” os que trabalham entre vós (1 Tess 5:12). Esta expressão indica que a recomendação é que fossem obediência e aceitassem a instrução de seus líderes. Este é um dos princípios importantes que temos nas Escrituras. A obediência é fundamental para o sucesso em qualquer área da vida, e não é diferente nas questões espirituais.
c) A autoridade espiritual – submeta-se a ela – Não estamos falando de escravidão. Não é também uma submissão cega. A obediência gera submissão e essa por sua vez deve ser voluntária e consciente. Martinez afirma que:
Não é mera obediência externa, nem tão pouco quando controlado. Submissão é prestar obediência inteligente a uma autoridade delegada. É exteriorizar um espírito submisso, mesmo quando ninguém está por perto. É renunciar à opinião própria quando se opõe à orientação daqueles que exercem autoridade sobre nós.
Há muitos que não querem se submeter. Há também aqueles que se submetem apenas na presença. Continuam arrogantes e soberbos em sua maneira de ser. Este comportamento é reprovável. Ele apenas demonstra que não são pessoas maduras. Se alguém quer ter autoridade em sua vida deve também saber submeter-se aos seus superiores. Isto não significa que seremos maiores ou menores que alguém. Esta submissão ela é um requisito básico da vida cristã (Fl 2:1-4) e quem assim o faz reconhece Deus (e sua autoridade) na vida do próximo. Lembremo-nos da exortação Paulina: Exortamo-vos, também, irmãos, a que admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, apareis os fracos, e sejais longânimos para com todos (1 Tess 5:14)
Conclusão:
Não podemos deixar de mencionar a autoridade do Mestre (Mt 7:29). Enquanto a autoridade dos fariseus e religiosos da época era impositiva e opressora, a autoridade de Jesus ao mesmo tempo encantava e produzia mudanças na vida do povo. Essa autoridade não provinha de questões naturais como cargo ou força, era provinha do próprio Deus, e este era o diferencial na vida do mestre.
Não podemos confundir autoridade com autoritarismo. Não é por força que se consegue alguma coisa (Zc 4:6). As lideranças são chamadas a não usarem este tipo de comportamento em suas funções (I Pe 5:1-3). Enquanto a autoridade é dada por Deus e reconhecida pelo povo, aquele que quer ter autoridade, mas não tem, abusa das pessoas e da autoridade que recebe (como Saul fez 1 Sm 19:8; 20:30; 28). Cuidado para que você não se torne uma pessoa como Saul e seja rejeitado por Deus (1 Sm 15:22,23). Não seja vingativo, invejoso, que abusa do poder que está em suas mãos e que impõe sua vontade. Isto não é reflexo de uma verdadeira autoridade. A autoridade é marcada pela dependência de Deus. O líder espiritual é antes de tudo submisso a vontade de Deus e servo das pessoas. Não trabalha para sua glória e para benefício própria. Seu alvo é agradar a Deus e realizar sua obra. Que esta seja nossa meta e que capacitados pelo Espírito do Senhor (Is 61:1) possamos ser bênçãos para a igreja e o mundo.
Que Deus nos ajude
Por Pr. Antônio Firmino da Silva Júnior,
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