quarta-feira, 28 de abril de 2010

A IMPORTANCIA DA SANTA CEIA

TEXTO = I Co 11.23-30

INTRODUÇÃO

Infelizmente, os coríntios não se comportavam bem em sua observância da Ceia do Senhor. Eles haviam transformado a simples refeição numa oportunidade de festejo e embriaguez. Em vez de um “espírito de unidade” de comunicação, a ceia era um acontecimento de divisão entre os “ricos” e os “pobres”. Alguns comiam e bebiam indignamente, e, portanto, eram réus do corpo e do sangue do Senhor (I Co 11.27).

I - DIVISÕES NA IGREJA DEVEM SER COMBATIDAS COM RIGOR

As divisões na igreja de Corinto havia, chegado a proporções alarmantes. Além dos cultos à personalidade em tomo de determinados líderes (l Co 1.12) e divergências acerca dos alimentos oferecidos a ídolos, havia também indícios de uma espécie de esnobismo, bastante odioso dos mais ricos para os menos favorecidos (I Co 11.21).
a) Corinto, uma igreja gravemente dividida - A divisão em Corinto prejudicou a confraternização entre os irmãos, de modo que eles voltavam para casa piores do que quando ali chegaram (I Co 11.17, 18). Paulo sabia que as igrejas estavam cheias de opiniões diferentes sobre este ou aquele assunto (l Co 11.19), pois estas coisas são inevitáveis.

No entanto, não há razão para os cristãos perderem a comunhão devido a divergências. Quando a divisão se predomina no culto público da congregação, a situação torna-se escandalosa (Mt 24.12).

Em Corinto a Ceia do Senhor vinha sendo usada como meio de enfatizar as suas facções. Talvez as casas dos líderes das diversas facções fossem selecionadas para tais comemorações, em que alguns membros eram excluídos e outros eram bem recebidos, se ali comparecessem.

Havia ingestão excessiva de alimentos e vinho. Os pobres, no entanto, eram desprezados, e com freqüência saíam famintos do banquete. E assim eram humilhados e abertamente discriminados.

Os membros da igreja de Corinto comiam e bebiam de maneira profana, tendo praticado pecados ocultos e abertos, que eram suficientes para desqualificá-los da participação na mesa do Senhor. Talvez houvesse outros abusos, que não são especificados. A Ceia era transformada num motivo de exclusivismo, onde só eram admitidos apenas certos membros da própria comunidade. Em Corinto esse rito vinha sendo usado para destacar os partidos facciosos, quando certos membros da igreja eram menosprezados (l Co 11.18-2 O).

b) As divisões revelam decadência espiritual - Devido aos freqüentes conflitos na igreja de Corinto, Paulo não chamava as reuniões religiosas de “Ceia do Senhor”, pois elas não eram submetidas à autoridade do Senhor nem tinham a consciência da presença de Cristo. Cada um se preocupava de “matar” a própria fome e sede (l Co 11.2 1).

Se o propósito da reunião era satisfazer o apetite físico, por que não ficavam todos em casa? ( I Co 11.22). Como uma reunião dessas poderia ser chamada de “Ceia do Senhor?”.

É evidente que, por ocasião da celebração da Ceia do Senhor, alguns membros eram convidados, e outros não, visto que essa celebração era efetuada em casas particulares; e também havia outras modalidades de discriminação.

Assim sendo, havia certos membros dali que não eram considerados genuínos, uma palavra que Paulo emprega em l Coríntios 1.7.19, para indicar membros que eram exaltados nas contendas havidas entre as facções. E bem provável que aquilo que Tiago condenou se tornara prática comum em Corinto (Tg 2.1-4).

Ali se favoreciam aos membros mais influentes. Esses recebiam os melhores assentos, o melhor alimento, o melhor vinho, as atenções gerais, ao passo que outros membros da igreja eram desprezados, o que os levava a se sentirem mal acolhidos.

c) A insensibilidade e o egoísmo revelam falta de amor - Havia uma insensibilidade desumana para com as necessidades físicas dos que não possuíam recursos financeiros em Corinto. Nas reuniões não havia aquele sentimento de serem uma só família no Senhor. Cada grupo ficava isolado, era exclusivista, egoísta e sem afeto natural (I Tm 3.1-5).

O alimento trazido não era partilhado por todos, mas cada um desfrutava suas próprias provisões. Infelizmente o amor havia sido substituído pela ganância.

II - A IGREJA DEVE SER UMA COMUNIDADE DE FE E AMOR

O apóstolo Paulo transmitiu aos coríntios o que ele mesmo recebera pessoalmente do Senhor (I Co 11.23-25). Não podemos determinar com certeza o modo como Paulo recebeu esta revelação. Sabemos que não recebeu o evangelho de “homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo” (Gl 1.12).

a) A Santa Ceia é uma celebração pública da morte do Senhor - A partir de agora, Paulo passa a assegurar-lhes que a morte de Cristo deve dominar seus atos, e obviamente, não era isso o que acontecia em Corinto. A ênfase de Paulo está no fato de cada celebração ser uma proclamação pública da morte do Senhor, “até que ele venha” (l Co 11.26). Há um elemento da expectativa em cada celebração da Ceia do Senhor. Atrás, aponta para a sua morte; à frente, aponta para a sua volta. Deste modo, devemos participar da comunhão até que Cristo venha buscar a sua igreja (l Ts 4.14-18).

Paulo lembrou aos coríntios o significado original da Ceia do Senhor, recordando como o próprio Senhor Jesus a instituiu na “noite em que foi traído”. A referência indireta de Paulo a Judas talvez fosse um desafio casual aos coríntios em função do comportamento deles. O apóstolo transmitiu aos coríntios os que ele mesmo recebera pessoalmente do Senhor (Gl 1.12).

A morte e ressurreição de Cristo são o fundamento da nossa salvação. Sem o sangue de Jesus, não teria havido uma igreja em Corinto e em nenhuma parte do mundo. Ficaria-mos ainda esperando a salvação, perdidos na nossa ignorância e idolatria, ou, na melhor das hipóteses, aproximando de Deus por meio do sacrifício diário de pombas, cordeiros e cabras.

Mas o Calvário transformou essa lúgubre cena! Jesus tem providenciado uma aliança melhor (Hb 8.6), um convenio que tem durado séculos e continuará vigente até a volta de Jesus. O cântico de louvor ao Cordeiro do o de Apocalipse o diz muito bem: “Digno és de tomar o livro e de abrir seus selos, porque foste morto e com teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua , e povo, e nação; e para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e reinarão sobre a terra (Ap 5.9,10).

b) A Santa Ceia é uma aliança de amor com o Senhor - Por meio do derramamento do sangue de Jesus, o Cordeiro Pascal (l Co 5. 7), judeus e gentios, ricos e pobres, homens e mulheres podem conhecer a gloriosa liberdade do perdão e ter um conhecimento pessoal de Deus.

Os cristãos que participam deste relacionamento pessoal, desta aliança com o Senhor, também participam de uma aliança uns com os outros (Rm 13.8). Para os coríntios a morte de Cristo não era o ponto central; sua volta não era importante, e o amor de Cristo não os dominava.

c) A Santa Ceia exige um constante auto-exame - Participar do sacramento “indignamente” é tornar-se “réu do corpo e do sangue do Senhor” (I Co 11.27,28). Quando Paulo fala de alguém que come e bebe o cálice indignamente, ele está dizendo que tal pessoa se torna culpada de derramar o sangue de Cristo; isto é, se coloca não do lado dos que estão participando dos benefícios de sua paixão, mas do lado dos que foram culpados por sua crucificação (Hb 10.29).

III - A BÊNÇÃO EM PARTICIPAR DA CEIA DO SENHOR

São muitas as pessoas que evitam participar da Santa Ceia porque não sentem dignos. Por outro lado, há também aqueles que se consideram aptos a participar, sem fazer auto- exame. As instruções de Paulo aqui são adequadas e essenciais: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim como do pão e beba do cálice” (I Co 11.28).

a) O auto-exame visa atingir discernimento espiritual - O auto-exame visa, especialmente, certificar-se de que o cristão está vivendo e agindo em amor e honestidade para com todas as pessoas. Cada cristão tem a obrigação, não de atingir um patamar moral ou espiritual de perfeição, mas de buscar uma auto-avaliação rigorosa e honesta perante Deus e os homens (At 24.16).

Para os coríntios havia o perigo de participar da Ceia do Senhor como se esta celebração fosse igual a qualquer outro banquete comum (I Co 11.29).Paulo diz que isto significava não discernir o corpo do Senhor (l Co 10. 16-21).

O auto-exame é determinado por Paulo como meio de levar o cristão a participar “dignamente” da Ceia do Senhor, sendo assim evitada a profanação mencionada nos versículos 26 e 27 de l Coríntios 11. O termo grego “anakrino”, correspondente a “examinar” pode significar “indagar” ou “levar a efeito uma argüição”.

Sua fôrma nominal indica uma “investigação”, e, quando usado no sentido judicial significa “uma audiência preliminar”. Paulo fala da idéia de fazer um auto-exame, uma auto-investigação, em que o cristão procura discernir se é própria a sua participação na Ceia, por serem dignos os seus motivos e as suas ações.

Assim, pois, é necessário que o homem faça um “inventário” de si mesmo. E preciso que o cristão enfrente de modo honesto os seus pecados com o propósito de abandoná-los. Deveria perdoar a seus irmãos e buscar deles o perdão para as ofensas pessoais que porventura os tenham atingido por sua culpa.

b) O auto-exame visa resgatar o temor de Deus - Para Paulo, nós deixamos de “discernir o corpo do Senhor” quando não reconhecemos a presença de Cristo no meio da congregação, mais particular- mente, durante o sacramento do seu corpo e sangue. Isso acontece em algumas igrejas, exatamente porque os cristãos participam da liturgia da Ceia do Senhor mecanicamente, sem que estejam, propriamente, se alimentando “de Cristo pela fé e com ação de graças” (I Co 11.29-31).

c) A falta de auto-exame acarreta males para o cristão - Paulo é taxativo com os coríntios que participavam da Ceia do Senhor sem seriedade e temor. Esta foi à causa de enfermidades, fraquezas e até mesmo de mortes na comunidade de Corinto (l Co 11.30).

Tais incidentes não teriam ocorrido, se eles tivessem julgado a si mesmos adequadamente (l Co 11. 31). De acordo com Paulo, estas disciplinas divinas, são gestos de amor e não de mero castigo (I Co 11.32). Para os cristãos não há julgamento pelo pecado, porque este já foi pago uma vez por todas pelo próprio Cristo (Jo 5.24; Rm 8.1,2).

IV - A SANTA CEIA É CELEBRAÇÃO DE COMUNHÃO E GRATIDÃO

Paulo se mostrou bastante preocupado com a maneira como os coríntios estavam se expondo ao julgamento de Deus ao participarem da Ceia do Senhor, que descreve a natureza desse ato como uma festa de amor: “Esperai uns pelos outros. Se alguém tem fome, como em casa” (l Co 11.33,34).

a) A Ceia do Senhor é uma ocasião para partilhar - Um dos propósitos da Ceia do Senhor é usar de solidariedade para com os pobres (2Co 8.13-15). As Escrituras nos mostram que os fortes devem auxiliar os fracos, e os ricos, ajudar os pobres, sobretudo seus irmãos (Gl 6.10).Porém, os coríntios pareciam entender mal esse propósito da celebração da Santa Ceia, pois alguns dos membros se mostravam bastante egoístas (I Co 11.20).

b) A Ceia do Senhor é uma ocasião para praticar o altruísmo - Os coríntios, no seu egoísmo e exagero das coisas, acabavam comendo e bebendo indignamente na Ceia do Senhor. E um ato de hipocrisia comer do pão e beber do vinho que representam nossa união com Cristo, se, i conduta dos cristãos, não se manifesta nossa união uns com os outros em Cristo (Ec 11.1,2; Mt 25.35-46).

c) A Ceia do Senhor é uma ocasião para se fortalecer espiritualmente - Geralmente o pão é inteiro, e o partimos para comê-lo, alimentando-nos. Assim também o corpo de Cristo teve de ser sacrificado no Calvário para que pudéssemos desfrutar da liberdade espiritual e receber poder físico e espiritual. O pão sem levedura nos lembra que Cristo é imaculado, ou seja, sem pecado.

João 6.48-51 nos ensina que a participação do corpo e do sangue de Jesus é espiritual, significando receber dele sustento e energia totais. Cumpre-nos lembrar a morte expiatória e a agonia de Cristo, pois estas foram as mais sublimes expressões de altruísmo e amor dedicados à humanidade (Jo 3. 16).

Assim é que quando nos acercamos da mesa, lembrando-nos de que se trata da mesa do Senhor, e não nossa; que o sacramento é de Cristo, e não nosso. Aproximamo-nos dele a fim de receber a sua presença e poder (I Co 11.25,26). A ordenança da Ceia do Senhor é levada a efeito para mostrar Cristo aos homens, para conservá-lo na lembrança dos cristãos, e, sobretudo, para relembrar aquele item agora mencionado, ou seja, a “morte” de Cristo.

É importante conservar o seu sacrifício expiatório perante os olhos daqueles que estão na comunhão da igreja, a fim de que os mesmos possam permanecer firmes, constantes e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não será vão, no Senhor’ (I Co 15.58).

CONCLUSÃO

Os cristãos se alimentam de Cristo não somente na Santa Ceia, também na adoração, no reconhecimento da sua presença neles, como parte integrante do seu corpo. Recebemos sustento também por meio da confraternização com outros cristãos; por isso, não podemos ser negligentes quanto a nossa participação na obra de Deus, muito menos quanto a nossa ausência aos cultos de Santa Ceia, como é o costume de alguns (Hb 10: 25).

Ev. Isaias Silva de Jesus

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